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Resumo: Há um intervalo de tempo entre a ocorrência do abuso sexual e seu desvelamento dentro da família, do qual se tem pouco conhecimento. O objetivo deste texto é compreender o que ocorre com as famílias no período entre a revelação do abuso sexual e o início do atendimento especializado. O contexto de pesquisa foi uma instituição pública, na qual foram realizadas dez entrevistas com nove famílias que apresentavam situação de abuso sexual.  Resultados dividem-se entre informações sobre a configuração familiar e o período de tempo no qual há um silenciamento sobre a situação do abuso sexual, anterior à publicização da violência: 1) Sobre a configuração familiar - as mães estão presentes na maioria das famílias, o abuso sexual intrafamiliar prevalece sobre o extrafamiliar, e a maioria das vítimas é de meninas, sendo que idade média é de 8 anos e 8 meses. 2)  Sobre o período de tempo entre a revelação do abuso sexual e o atendimento - o abuso sexual ocorreu, em média, 27 meses antes do momento da entrevista na instituição; o tempo médio da ocorrência do abuso sexual é de 13 meses antes da sua revelação; e o intervalo de tempo que vai da revelação do abuso sexual à denúncia é de 7 meses. A revelação do abuso sexual é percebida, pela família, como mais uma ameaça aos outros acontecimentos com os quais a família já se depara, gerando reações paradoxais que vão desde a proteção à imobilidade. Quando as famílias se apresentam para o atendimento institucional, encontram-se confusas e distanciadas da situação de violência. O tempo entre o abuso sexual, a revelação e a busca por ajuda é vivido em interação familiar, necessitando ser visto mais como momento de elaboração e assimilação da violência sofrida.

 

Marlene Magnabosco Marra, Universidade de Brasília, Brasília, Brasil.

Psicóloga, Psicodramatista, Didacta, Supervisora, Terapeuta Familiar y Conyugal. Máster y doctoranda en Psicología Clínica y Cultura por la Universidad de Brasilia (UnB), Docente y coordinadora pedagógica  del programa de Post Grado en Psicodrama y Terapia de parejas y Familia de la Pontificia Universidad Católica de Goiás (PUC GO) junto al Instituto de Investigación e Intervención Psicosocial (INTERPSI).

Liana Fortunato Costa, Universidade de Brasília, Brasília, Brasil.

Psicóloga, Doutora em Psicologia Clínica pela USP.

Docente Permanente do Programa de Pós graduação em Psicologia Clínica e Cultura – UnB
Marra, M. M., & Costa, L. F. (2018). Entre a revelação e o atendimento: família e abuso sexual. Avances En Psicología Latinoamericana , 36(3), 459–475. https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.3564

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