Mudança política e consolidação democrática no México. Os limites do modelo das transições à democracia

Resumo

Este texto apresenta uma reflexão sobre o estado atual da democracia no México. Para isto, baseia-se em uma leitura crítica das interpretações da transição mexicana. Estas últimas sublinham o carácter sui generis e incompleto de dita transição, cuja conclusão não tem significado uma descontinuidade clara entre a etapa autoritária e a de consolidação democrática. A nossa abordagem consiste em mostrar que os limites atuais da democracia mexicana, em parte identificáveis como problemas de consolidação, deixam dúvidas sobre a chegada da democracia no México. O ilustramos em torno à pluralização aparente do sistema de partidos, à qual os atores e estruturas autoritárias têm sabido adaptar-se, e em torno à débil consolidação do Estado de direito e as instituições, ameaçadas pela ascensão vertiginosa do crime organizado. A combinação das recomposições autoritárias e dessas novas ameaças não se reduz a simples heranças autoritárias, em um contexto supostamente democrática, nem também não admite a hipótese de uma transição inconclusa. Implica, melhor, uma fugida para adiante, a qual oscila entre a democracia e sua negação, assim como entre as heranças do passado e uma mudança mal assimilado, obrigando a revisar o modelo de análise das transições à democracia, parcialmente pertinente, mas demasiado lineal e redutor.