Revisão sistemática internacional sobre agravos à saúde mental de professores

International Systematic Review on Strains to Teacher’s Mental Health

Revisión sistemática internacional sobre problemas de la salud mental de los docentes

Karen Rayany Ródio Trevisan
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Roberto Moraes Cruz
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Patricia Dalagasperina
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Daniela Ornellas Ariño
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Andrea Valéria Steil
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil

Revisão sistemática internacional sobre agravos à saúde mental de professores

Avances en Psicología Latinoamericana, vol. 40, núm. 1, 2022

Universidad del Rosario

Recepção: Abril 10, 2019

Aprovação: março 25, 2022

Informação adicional

Para citar este artigo: Ródio Trevisan, K. R., Moraes Cruz, R., Dalagasperina, P., Ornellas Ariño, D., & Steil, A. V. (2022). Revisão sistemática internacional sobre agravos à saúde mental de professores. Avances en Psicología Latinoamericana, 40(1), 1-15. https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.7532

Resumo: A docência é a segunda categoria profissional, em nível mundial, a manifestar mais doenças de caráter ocupacional. O objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil epidemiológico de agravos à saúde mental em professores no âmbito nacional e internacional. Foram conduzidas buscas nas bases de dados Scopus, Web Of Science, PsycNet, PubMed e no portal bvs, considerando publicações dos últimos 10 anos (2008-2017), em inglês, espanhol e português. Foram incluídos estudos originais e empíricos, nos quais agravos à saúde mental foram abordados como variáveis dependentes em pesquisas com professores, totalizando 28 artigos. Os resultados indicam a sobrecarga de trabalho como um fator de risco psicossocial, e que os professores mais vulneráveis ao adoecimento, são do sexo feminino, não possuem companheiro, apresentam altos níveis de escolaridade e histórico familiar de transtorno mental.

Palavras-chave: trabalho docente, saúde mental, saúde ocupacional, epidemiologia.

Abstract: Teaching is the occupation that, on a global level, presents the second highest number of occupational diseases. The aim of this study was to characterize the epidemiological profile of mental health problems in teachers at national and international levels. We searched the Scopus, Web of Science, PsycNet, PubMed, and bvs portals for publications from the last 10 years (2008-2017) in English, Spanish, and Portuguese. We included original empirical studies in which mental health complaints were approached as dependent variables in research with teachers, comprising 28 articles. The results indicate that work overload is a psychosocial risk factor and that the teachers who are vulnerable to illness are female, single, with high levels of formal education and a family history of mental disorders.

Keywords: Teaching work, mental health, occupational health, epidemiology.

Resumen: La docencia es la segunda categoría profesional, a escala mundial, en reportar más enfermedades laborales. El objetivo de este estudio fue caracterizar el perfil epidemiológico de los problemas de salud mental en docentes en los ámbitos nacional e internacional. Buscamos en los portales de Scopus, Web of Science, PsycNet, PubMed y bvs las publicaciones de los últimos 10 años (2008-2017), en inglés, español y portugués. Se incluyeron estudios empíricos, en los que las quejas de salud mental fueron variables dependientes en la investigación con docentes. Se totalizaron 28 artículos. Los resultados indican la sobrecarga de trabajo como un factor de riesgo psicosocial. Asimismo, que los docentes más vulnerables a la enfermedad son mujeres, personas sin pareja, con altos niveles de educación y antecedentes familiares de trastorno mental.

Palabras clave: trabajo docente, salud mental, salud ocupacional, epidemiología.

Em termos gerais, estudos epidemiológicos buscam mensurar a distribuição de doenças em populações específicas, conforme o tempo e lugar, por meio de delineamentos transversais ou longitudinais (Pacheco et al., 2017). Da mesma forma, pesquisas com delineamentos transversais apresentam dados coletados em uma única ocasião, enquanto as pesquisas longitudinais acompanham pessoas durante um intervalo de tempo. Ainda, em termos epidemiológicos, tem-se por meio de pesquisas transversais dados de prevalência e por meio de pesquisas longitudinais dados de incidência de doenças (Bastos & Duquia, 2007; Bonita et al., 2010).

A manifestação de doenças ocupacionais, tais como outras doenças, pode ser mensurada por meio de estudos epidemiológicos. Tal relação entre a atividade laboral e o processo saúde-doença não é uma constatação recente, porém com as modificações e atualizações dos processos de trabalho, modificam-se, também, as causas e os riscos de adoecimento dos trabalhadores (Carlotto & Câmara, 2015). Nesse viés, e ao considerar mais especificamente a atividade docente, constata-se que a ocorrência de agravos à saúde mental relacionados ao trabalho do professor é motivo de preocupação de muitos estudos, tanto nacionais quanto internacionais. A saber, o estresse ocupacional identificado na profissão docente afeta adversamente o estado de saúde mental (Chong & Chan, 2010; Navarro, 2010).

Ensinar é um trabalho emocionalmente exigente. Além disso, esta atividade, antes restrita ao espaço físico das escolas, hoje, por meio da tecnologia, ultrapassa barreiras. Adiciona-se a precariedade das condições e a complexidade das questões envolvendo, também, a gestão e o planejamento de ensino, pesquisa e extensão acompanhadas de uma expectativa social de excelência no desempenho e fatores que podem estar na origem de queixas e na manifestação de agravos à saúde mental na categoria (Batista et al., 2010; Cruz et al., 2020; Garrick et al., 2014; Gasparini et al., 2006; Guerrero et al., 2011; Jin et al., 2008; Navarro, 2010; Seibt et al., 2013; Virtanen et al., 2010).

Concomitantemente aos aspectos mencionados anteriormente, acerca do sofrimento mental vivenciado e as modificações na atividade docente, o adoecimento de professores tem impacto no aprendizado dos alunos, uma vez que, ao adoecer, a criatividade e o entusiasmo pelo trabalho são reduzidos. Os estudos atuais sobre agravos à saúde mental docente indicam redução na atenção e na concentração, perda do autorrespeito e autocontrole em sala, além de reações exageradas com alunos em situações diversas (Baldaçara et al., 2015; Batista et al., 2010; Fu et al., 2017; Hurtado-Pardos et al., 2017; Ruisoto et al., 2017; Yao et al., 2015). Entretanto, ainda que a literatura aponte para diversos fatores relacionados ao adoecimento dos professores, há uma lacuna no que se refere ao perfil epidemiológico dos agravos à saúde mental e, exatamente por perceber e buscar preencher esta lacuna o presente estudo tem como objetivo caracterizar o perfil epidemiológico de agravos à saúde mental em professores, seja no Brasil ou em outros países, apontando os fatores de risco associados a esta atividade laboral.

Método

Este artigo trata-se de uma revisão sistemática de literatura, utilizada para aplicar estratégias científicas que possibilitem o mapeamento e a sistematização do conhecimento científico já publicado, por meio de uma metodologia passível de ser avaliada e replicada, além de possibilitar redução do viés de seleção de artigos (Tranfield et al., 2003). Para tanto foram seguidas as diretrizes prisma 2009 (Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses – Itens preferidos para reportar revisões sistemáticas e metanálises) com algumas adaptações, visto que os próprios autores das diretrizes prisma sugerem sua adaptação quando o foco da revisão não atender a todos os itens (Liberati et al., 2009).

Dentre as 27 diretrizes prisma, esta revisão atendeu 18 e adaptou 4 em função do objetivo da revisão. Outras 5, específicas para metanálises, não foram reportadas. As seções das diretrizes seguidas foram: título, resumo estruturado, introdução (diretrizes: justificativa, objetivos); métodos (diretrizes: critério de elegibilidade, fontes de informação, busca, seleção de estudos, processo de coleta de dados, lista dos dados, síntese dos resultados, análises adicionais); resultados (diretrizes: seleção dos estudos, características dos estudos); discussão (diretrizes: sumário da evidência, limitações, conclusões); e financiamento da pesquisa.

Os itens adaptados referem-se à análise dos possíveis vieses de informação dos artigos, uma vez que o objetivo desta revisão é a identificação do perfil epidemiológico de agravos à saúde mental de professores e não a análise de intervenções específicas, então, em função deste aspecto e para contemplar os itens de qualidade metodológica utilizaram-se critérios básicos. Foram incluídos: (1) artigos com a identificação dos procedimentos de amostragem, mesmo quando ela não tenha sido probabilística, (2) artigos que apresentavam informações sobre a consistência interna das medidas utilizadas, e (3) pesquisas cujos dados de prevalência e incidência de desfechos em saúde mental foram apresentados.

A partir do uso destas diretrizes, a pergunta que esta revisão responde é: qual o perfil epidemiológico de agravos à saúde mental em professores, em âmbito nacional e internacional, identificados em estudos empíricos quantitativos publicados em português, espanhol e inglês entre 2008 e 2017? De modo a evitar tendenciosidade na coleta de artigos, a busca foi amplamente realizada nas bases de dados: PubMed, Psycinfo, Web of Science, Scopus e no Portal bvs.

As bases de dados foram selecionadas por sua abrangência, por terem publicações nacionais e internacionais em periódicos de alto impacto nas ciências sociais e humanas, bem como pela abrangência na literatura na área da Psicologia e afins. Além das bases citadas, realizou-se busca no Portal bvs que compila dados da MedLine e lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) (De-la-Torre-Ugarte et al., 2011; Gomes & Caminha, 2014).

A busca foi realizada considerando todos os campos do artigo, e naqueles onde foi necessário especificar os campos (Scopus e bvs), foram selecionados título, resumo e assunto. As palavras-chave utilizadas para a busca foram: “teacher or professor or master or instructor” and “mental health” or “mental disorder” and “Epidemiology” and “Prevalence or Incidence”, com as variações respectivas para o espanhol e o português. Da mesma forma, os artigos encontram-se indexados à base até a data em que a pesquisa foi finalizada, ou seja, 07 de outubro de 2018.

Em virtude das mudanças ocorridas na última década na natureza das demandas de trabalho, fez-se a delimitação do tempo, pois o objetivo do artigo é a busca por agravos à saúde mental e entende-se como relevante que tais dados indiquem um panorama atual do contexto investigado (Bustamante et al., 2016; De Jonge et al., 2010).

A pesquisa limitou-se aos artigos empíricos, publicados em inglês, espanhol e português e foram priorizados artigos científicos indexados e avaliados por pares, em detrimento de livros, capítulos de livros, teses ou dissertações, uma vez que o artigo científico é o meio de divulgação científica prioritário, além de mais acessível. Os idiomas foram escolhidos considerando que a língua inglesa é a língua das ciências e contempla o maior número de publicações no mundo, a língua portuguesa é nativa dos pesquisadores e a espanhola por abarcar, também, os demais países latino-americanos.

Os critérios adotados para a inclusão dos artigos, levando-se em consideração o objetivo proposto, foram: (a) artigos empíricos; (b) público-alvo composto por professores; e (c) agravos à saúde mental de professores como variável dependente no estudo. Foram excluídos estudos teóricos, revisões, capítulos de livros, teses, dissertações e comunicações em conferências, bem como artigos cujo público-alvo não fosse composto por professores. Similarmente, foram excluídos artigos nos quais os fatores ocupacionais não tenham sido abordados; estudos cuja variável dependente não correspondesse a agravos à saúde mental; relatos de intervenções; e ainda, artigos nos quais o risco de viés foi encontrado, especificamente aqueles cujos agravos à saúde mental decorressem de eventos específicos, tais como a recessão econômica de um dado país ou a vivência traumática de um terremoto.

A investigação sistemática foi encerrada no dia 7 de outubro de 2018, com um total de 1.393 artigos, tendo sido identificados 367 duplicados, sendo, então, excluídos mecanicamente. Restaram 1.026 estudos, cujos títulos e resumos foram lidos a fim de selecionar os que respeitassem os critérios de inclusão deste estudo. Nessa etapa foram excluídos 975 estudos, restando 51 artigos lidos na íntegra. Conforme procedimento recomendado em revisões sistemáticas, foi feito contato com especialistas para a indicação de artigos, e, em resposta houve a indicação de quatro artigos, os quais haviam sido recuperados por meio da chave de busca utilizada.

A Figura 1 sumariza o fluxograma desse processo, seguindo o já citado modelo prisma. Assim, 28 estudos foram incluídos na revisão, destes foram extraídos e compilados em uma matriz de análise em uma planilha de Excel, os seguintes dados: objetivo geral do estudo, tema, país, periódico de publicação, número de participantes, variável dependente e variáveis independentes, método (delineamento e tipo de pesquisa), instrumentos, análise estatística, resultados, índices de prevalência e/ou incidência e outros dados epidemiológicos relacionados aos agravos à saúde mental.

O júri da revisão foi composto por três pesquisadores, que estabeleceram a pergunta de pesquisa, definiram as bases para a coleta de dados, além dos critérios de inclusão e exclusão. A extração dos dados das bases foi realizada simultaneamente por dois juízes, e estes mesmos juízes analisaram os artigos com base nos critérios de inclusão e exclusão. O terceiro juiz foi acionado nos casos em que houve dúvidas sobre a inclusão dos artigos, para, desse modo, obter a concordância total entre todos os artigos analisados.

Resultados e discussão

A distribuição temporal dos 28 artigos alinhados com os critérios de inclusão dessa revisão, entre os anos de 2008 e 2017, permite identificar que o ritmo de produção sobre agravos à saúde mental em professores foi irregular ao longo dos anos, destacando-se o ano de 2017 com maior número de produções (n = 5), o que indica preocupação, tanto de ordem nacional quanto internacional, com o tema.

Em relação à localização geográfica dos estudos, a China concentra o maior número de publicações (n = 5). Quanto ao público-alvo, os docentes do ensino básico compuseram a amostra da maior parte dos artigos selecionados (n = 22), seguidos pelos professores do ensino superior nos demais estudos. Os artigos analisados foram categorizados na Tabela 1.

Descrição do rastreio realizado na busca sistemática conforme modelo prisma
Figura 1.
Descrição do rastreio realizado na busca sistemática conforme modelo prisma


Fonte: Dados da pesquisa (2018). A= Artigos que não abordam aspectos ocupacionais; B= Agravos à saúde mental não são a variável dependente do estudo; C= Público-alvo não são professores; D= Público-alvo vítima de terremoto; E= Público-alvo em contexto de recessão econômica.

Tabela 1
Classificação dos estudos acerca de agravos à saúde mental de professores, conforme Autores/ano, país e foco (2008-2017)

Classificação dos estudos acerca de agravos à saúde mental de professores, conforme Autores/ano, país e foco (2008-2017)


Fonte: Dados da pesquisa (2018).

De acordo com as indicações da Tabela 1, o foco dos estudos contempla agravos à saúde mental com ênfase em diversos aspectos. Isto posto, a fim de apresentar e discutir tais informações, os dados serão sistematizados de acordo com a prevalência em geral e prevalência dos transtornos específicos.

Na sequência, será dada ênfase às variáveis individuais e ocupacionais identificadas como fatores associados ao adoecimento mental de professores, reiterando as diferenças nos estudos no Brasil e no exterior, bem como no nível de ensino da atuação dos professores (básico ou universitário).

Quando o estresse laboral atinge níveis elevados, pode ocorrer o desenvolvimento de Síndrome de Burnout, um transtorno mental comum entre docentes, no Brasil e em outros países, independentemente do nível de ensino em que desempenham suas atividades. A Síndrome de Burnout é composta de atitudes e sentimentos negativos, percebidos em comportamentos de despersonalização, falta de realização profissional e exaustão emocional. Todos esses aspectos são secundários ao estresse e/ou à exposição prolongada a situações de frustração laboral (Batista et al., 2010; Bustamante et al., 2016; Chirico, 2017; Gómez-Restrepo et al., 2009; Guerrero et al., 2011; Muñoz et al., 2009).

Ainda que tenham sido documentadas altas taxas de aposentadorias prematuras entre professores por motivos de agravos à saúde mental, o que ratifica a existência de causas psiquiátricas ou psicossomáticas (Emsley et al., 2009; Hinz et al., 2016; Muñoz et al., 2009; Ranchal Sánchez & Vaquero Abellán, 2008; Seibt et al., 2013), a Síndrome de Burnout não apareceu como diagnóstico em nenhum dos prontuários investigados no contexto nacional. Essa situação é incongruente tanto com os estudos em que ferramentas de rastreio foram utilizadas, quanto com dados nacionais do Ministério da Saúde, que desde 1999 apontam essa síndrome como uma das condições que mais afeta a categoria de ensino de modo geral. Ou seja, o fato de não existirem tais diagnósticos nos prontuários pesquisados não indica a inexistência da doença (Baldaçara et al., 2015).

A prevalência de agravos à saúde mental é semelhante em pesquisas realizadas com todas as classes de professores, porém as exigências dos contextos de ensino são diferentes (Muñoz et al., 2009).

Prevalência de agravos à saúde mental em professores do ensino básico

Um estudo realizado na Finlândia, com amostra de 2.364 professores do ensino básico, identificou 102 professores com diagnóstico de transtorno mental, representando 4.3 % da população. Entre eles, cinquenta e sete apresentaram transtornos afetivos, com destaque para a depressão (51 casos), transtornos relacionados ao estresse (45 casos), com uma parte significativa de sintomas de estresse severo (Ervasti et al., 2012).

Na Cidade do Cabo (África do Sul), em um estudo realizado com 81 professores do mesmo nível de ensino afastados por transtornos mentais, Emsley et al. (2009) identificaram como diagnósticos predominantes, o transtorno depressivo, transtorno de pânico e agorafobia, quase metade deles (46%) com manifestação de sintomas fóbicos vivenciados em sala de aula. Ainda nesse estudo, o transtorno depressivo maior foi o diagnóstico mais comum entre professores do ensino básico, associado a 21 % dos casos com o transtorno de pânico e agorafobia (Emsley et al., 2009).

No cenário brasileiro foram identificados em Palmas, no Tocantins, 24 casos de afastamento do trabalho entre professores do ensino básico de escolas municipais, motivados por transtornos mentais, entre os anos de 2008 e 2011. Levando-se em consideração que existiam, neste período, 2.300 professores nessa categoria, verifica-se uma prevalência média de 1 % em quatro anos (Baldaçara et al., 2015). Por outro lado, em pesquisa realizada com 679 professores do ensino básico da região metropolitana de Porto Alegre, com base em instrumentos de rastreio de sintomas de transtornos mentais, foi identificada uma prevalência pontual de 34.8% desses sintomas no ano de 2013 (Carlotto & Câmara, 2015).

No Brasil, no contexto do ensino básico, mudaram as exigências no processo educacional e o trabalho docente foi intensificado devido à expansão das demandas por meio de perspectivas burocráticas e da exploração do senso de profissionalismo dos professores (Batista et al., 2010; Carlotto & Câmara, 2015).

Os elevados índices de Síndrome de Burnout na categoria são implicações da falta de reconhecimento social e, também, da necessidade de lidar com uma população de alunos que exige dedicação e cuidados adicionais às competências desenvolvidas na formação acadêmica dos professores, o que provoca sobrecarga mental de trabalho (Chong & Chan, 2010; Fu et al., 2017).

Prevalência de agravos à saúde mental em professores universitários

Os professores de ensino superior passam por dificuldades diferentes das enfrentadas pelos professores do ensino básico. As exigências mais comuns nessa classe são os requisitos de qualificação, as cobranças por produtividade, a necessidade de ampliação das atividades de pesquisa e extensão, associadas às atividades de ensino, acompanhados por prazos curtos e poucas condições para a execução de projetos. Como consequência, os professores vivenciam sua prática laboral com elevados níveis de sofrimento psíquico (Baldaçara et al., 2015; Bustamante et al., 2016; HurtadoPardos et al., 2017).

Em João Pessoa, na Paraíba, foram analisados 476 prontuários de professores do ensino superior assistidos na instituição de perícia, entre 1999 e 2012. Destes, 254 compuseram a amostra, sob o critério de diagnóstico de transtornos mentais. A depressão foi responsável por 53 % dos afastamentos, a esquizofrenia por 12 %, o transtorno bipolar por 10%, reação aguda ao estresse 8%, ansiedade 7%, transtornos delirantes 4 % e outros diagnósticos 8 % (Batista et al., 2016).

O panorama internacional é condizente com os dados obtidos nos estudos brasileiros. Um estudo com 152 professores universitários realizado na Espanha, com o objetivo de analisar a síndrome de Burnout e detectar os preditores de saúde mental, identificou problemas de saúde mental em 40.8% dos professores com idades entre 24 a 58 anos (Guerrero et al., 2011).

Prevalência de agravos à saúde mental em professores e suas diferenças em variáveis de perfil e ocupacionais

Além das diferenças relacionadas ao nível de ensino (básico ou superior), a saúde mental dos professores sofre influência de variáveis individuais e ocupacionais. Entre as características individuais dos participantes, observou-se que as professoras apresentam maiores índices de agravos à saúde mental em comparação aos professores do sexo masculino, tanto em pesquisa nacional (Batista et al., 2010) quanto em pesquisas internacionais (Chong & Chan, 2010; Fu et al., 2017; Guerrero et al., 2011; Jin et al., 2008; Pereira et al., 2014; Virtanen et al., 2010).

Alguns dados comparativos foram alvo apenas de estudos internacionais, o que impossibilita a inclusão do contexto brasileiro, pela inexistência de estudos nacionais com estas informações. Os dados citados são: os professores do sexo masculino apresentaram maiores agravos apenas quando a comparação foi exclusivamente relacionada a transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substância psicoativa (Garrick et al., 2014; Ruisoto et al., 2017).

Esse resultado pode estar relacionado às diferentes percepções existentes entre homens e mulheres em relação à saúde mental. Além disso, os papéis desempenhados por pessoas de sexos diferentes em ambientes de trabalho, os conflitos trabalho-família, a menor força física, a autoexigência, a pressão e perspectivas de carreira, bem como as diferentes tradições e limiares para quando e como relatar seu estado de saúde em comparação com os homens, podem aumentar a vulnerabilidade das mulheres aos fatores de risco psicossociais e ocupacionais no ambiente laboral (Chong & Chan, 2010; Virtanen et al., 2010).

Em pesquisas internacionais, exclusivamente, não foram encontradas relações significativas entre os agravos à saúde mental e as variáveis ocupacionais, tais como tipo de escola (pública ou privada), remuneração e índice socioeconômico do bairro onde a escola estava localizada. Mesmo assim, a associação entre o nível socioeconômico do local de trabalho com os registros de licença médica por problemas de saúde permitiu à Virtanen et al. (2010) perceberem que as mulheres se encontram em posição mais vulnerável para adoecimento devido a exposições ambientais. Nos bairros menos favorecidos foram identificados maiores índices de problemas de crianças com suas famílias, o que eleva a carga emocional do professor, que atua também, como mediador.

Os dados apresentados na sequência puderam ser discutidos com base em pesquisas nacionais e internacionais, visto que as mesmas variáveis foram objeto de estudo em nível global.

A escolaridade foi identificada por meio de uma correlação positiva com agravos à saúde mental no estudo de Hinz et al. (2016). Tal resultado é congruente com dados obtidos na pesquisa brasileira de Baasch (2016), em que a prevalência de Transtornos Mentais e Comportamentais (tmc) em servidores públicos foi mais elevada no grupo com maior escolaridade. Em relação à faixa etária que apresenta riscos de agravos à saúde mental mais elevados, os estudos divergem em seus resultados, ainda que a faixa etária com maiores indicadores seja dos 40 aos 49 anos, tanto em estudos nacionais (Batista et al., 2010; Batista et al., 2016) como em internacionais (Emsley et al., 2009; Muñoz, 2009). É possível encontrar, da mesma forma, estudos internacionais que apresentam correlações positivas entre idade e agravos à saúde mental (Garrick et al., 2014; Pereira et al., 2014; Ranchal Sánchez & Vaquero Abellán, 2008), e um outro, também internacional, que apresenta correlação negativa entre as mesmas variáveis (Chirico, 2017).

Vale ressaltar que tais diferenças podem ser ocasionadas pela combinação de variáveis. Por exemplo, professores brasileiros com menos de 40 anos e menos tempo de experiência foram identificados como os mais propensos a receber diagnóstico de Transtornos Mentais e Comportamentais (Carlotto & Câmara, 2015). Por outro lado, no estudo de Hinz et al. (2016) os professores alemães com mais de 45 anos e carga horária integral, são os que compõem o grupo com maiores índices de estresse.

No que tange ao tempo de trabalho e sua relação com agravos à saúde mental, foram detectadas divergências entre os resultados dos seis estudos que exploravam tal relação. Para cada amostra de professores foi encontrada uma prevalência diferente, enquanto Chirico (2017) registrou correlação negativa, Guerrero et al. (2011) identificaram o oposto. No estudo conduzido no Brasil, de Batista et al. (2010) os autores verificaram que os professores situados na faixa entre 21 e 30 anos de trabalho foram os que mais apresentaram agravos à saúde mental, diferentemente do estudo de Muñoz (2009), cujo grupo com mais indicativos de agravos à saúde mental foi composto por professores com 11 a 20 anos de trabalho. Os contrastes são compreensíveis visto que os estudos realizaram coletas com amostras diferentes, em locais e contextos variados.

Quanto ao estado civil, estudos nacionais e internacionais corroboram que aqueles professores que não possuem companheiros (Batista et al., 2010), sejam eles solteiros (Guerrero et al., 2011; Muñoz, 2009) ou viúvos/divorciados (Pereira et al., 2014), possuem mais chances de desenvolver agravos à saúde mental. No Brasil, Batista et al. (2010) verificaram que professores com filhos são parte do grupo com mais chances de apresentar agravos à saúde mental.

Contraditoriamente, na amostra estudada na Colômbia por Muñoz (2009) quanto menor o número de filhos, menores os indícios de agravos à saúde mental. Outro dado relacionado à família dos professores, foi a existência de familiares com histórico de Transtornos Mentais, e neste aspecto a relação foi estatisticamente significativa no estudo de Emsley et al. (2009) que a identificou como positiva. Essa relação é coerente com a literatura científica acerca dos transtornos mentais, na qual o risco de pessoas com tal histórico desenvolverem o mesmo transtorno é aproximadamente três vezes maior do que aqueles que não possuem histórico familiar de tmc (Bahls, 2002; Rocha & Sassi, 2013).

Quanto aos fatores de risco psicossociais ocupacionais, seja aqui no país quanto no exterior, foi possível identificar: ambiguidade do papel, insatisfação no trabalho, baixos níveis de apoio social, autonomia e autoeficácia percebida, exposição a algum tipo de violência, problemas com alunos, cultura escolar deficiente, más condições de trabalho, número sobressalente de alunos em sala de aula e sobrecarga de trabalho e estão associados com transtornos mentais que têm resultado em incapacidade para o trabalho, licenças por doenças, perda de produtividade e de qualidade de vida (Alker et al., 2015; Batista et al., 2010; Carlotto & Câmara, 2015; Fernández et al., 2017; Fu et al., 2017; Muñoz, 2009; Ruisoto et al., 2017).

A ambiguidade do papel compreendida como falta de clareza sobre as atividades que os professores deveriam realizar e a postura adequada para situações específicas como em conflitos com alunos, foi identificada como indicativo no aumento da probabilidade de desenvolver Transtornos Mentais e Comportamentais (tmc) (Fernández et al., 2017; Fu et al., 2017; Navarro, 2010). Baixos índices de apoio social e autoeficácia percebida aumentaram em 74 % e 96 %, respectivamente, as chances de um professor brasileiro vir a ser diagnosticado com tmc (Carlotto & Câmara, 2015). Da mesma forma, em estudos internacionais, quando os índices de satisfação no trabalho (Alker et al., 2015; Ervasti et al., 2012) e autonomia (Seibt et al., 2013) foram baixos, a probabilidade de apresentar Transtorno Mental (tm) e o desejo de mudar de carreira tiveram seus índices aumentados.

A violência, física e verbal, no local de trabalho dos professores são agravantes ao sofrimento mental, aumentando em 1.98 vezes a chance de afastamento do trabalho por diagnóstico de tm (Garrick et al., 2014; Fu et al., 2017). Os relatos de violência nas escolas, sejam elas nacionais ou internacionais, retratam agressões cometidas por alunos, pais, colegas de trabalho ou pessoas da comunidade (Baldaçara et al., 2015; Ervasti et al., 2012; Fu et al., 2017; Garrick et al., 2014; Muñoz et al., 2009). Estes dados sugerem que a relação entre tais fatores de risco e índices de absenteísmo na classe docente, além do desenvolvimento de emoções negativas, como raiva, ansiedade e tristeza, podem diminuir a qualidade de vida e, em casos específicos, levar a quadros de Transtorno de Estresse Pós-Traumático ou Transtorno de Estresse Agudo, o que pode explicar parte dos retornos malsucedidos à sala de aula após afastamentos para tratamento de saúde (Ervasti et al., 2012).

Outros problemas com alunos (Batista et al., 2010; Fernández et al., 2017; Jin et al., 2008; Seibt et al., 2013; Yao et al., 2015), com a cultura e as más condições da escola (Baldaçara et al., 2015; Kidger et al., 2016; Seibt et al., 2013), bem como com o elevado número de alunos e maior carga horária também foram identificados como preditores no diagnóstico de Transtornos Mentais (Batista et al., 2010; Carlotto & Câmara, 2015; Emsley et al., 2009; Muñoz et al., 2009). Entre os desafios com alunos, questões ligadas a situações comportamentais e disciplinares foram registradas como uma das principais fontes de estresse e esgotamento profissional entre professores espanhóis do ensino básico. Tais questões representam ameaças para que os docentes possam atingir seus objetivos em sala de aula, quais sejam manter a ordem, seguir o programa acadêmico ou ajudar seus alunos no aprendizado de maneira efetiva (Fernández et al., 2017).

A sobrecarga de trabalho é descrita nos artigos analisados como um fator de risco psicossocial tanto nacional quanto internacionalmente. Professores com cargas de trabalho elevadas tiveram índices aumentados da probabilidade de desenvolver Transtornos Mentais (Baldaçara et al., 2015; Batista et al., 2010; Carlotto & Câmara, 2015; Fu et al., 2017; Jin et al., 2008; Navarro, 2010; Seibt et al., 2013). Os educadores que mais relataram sobrecarga de trabalho foram aqueles com menos anos de experiência; os mesmos que apresentaram maior propensão ao diagnóstico de Agorafobia (Emsley et al., 2009).

A sobrecarga foi relatada em situações nas quais a demanda de trabalho direcionada aos professores não era equivalente aos recursos necessários para completar tais tarefas, por exemplo, um alto volume de trabalho em um curto período (Carlotto & Câmara, 2015; Ervasti et al., 2012). Os professores que se percebem sobrecarregados com excesso de carga mental de trabalho, compõem o grupo com maior porcentagem de sintomatologia somática, grande parte com características comportamentais relacionadas à Síndrome de Burnout (Baldaçara et al., 2015; Guerrero et al., 2011; Yao et al., 2015).

Entre o grupo de profissionais sobrecarregados mentalmente em seus ambientes de trabalho foram identificadas queixas de desequilíbrio na relação esforço-recompensa, perda do sentido do trabalho, sinais de depressão, entre outros agravos à saúde mental como ansiedade e estresse. Relatos de confusão entre a vida profissional e pessoal, em que o trabalho não pode ser separado do relacionamento com a família, dada a excessiva demanda de tempo para complementar as atividades que não puderam ser concluídas dentro do horário e espaço físico de trabalho foram obtidos na pesquisa nacional de Baldaçara et al. (2015), e estudos internacionais de Garrick et al. (2014), Jin (2008) e Seibt et al. (2013).

Os professores que experimentam níveis elevados de estresse, apresentaram altos níveis de agravos à saúde mental e elevados índices de absenteísmo e aposentadorias antecipadas (Emsley et al, 2009; Jin et al., 2008; Kidger et al., 2016; Seibt et al., 2013). O esgotamento emocional combinado com sintomas de estresse elevado culmina em docentes com altos índices de despersonalização e baixa realização pessoal, o que gera um desgaste mental, algo quase inevitável, e torna a atividade docente um trabalho com componentes exaustivos e adoecedores. O fator sobrecarga, combinado com a ambiguidade de papéis, aciona respostas de natureza emocional, o que também exerce influência nos níveis de despersonalização por meio da autoavaliação da sensação de fadiga emocional (Baldaçara et al., 2015; Chirico, 2017; Navarro, 2010).

Considerações finais

Para traçar um perfil epidemiológico com base nos estudos revisados, realizou-se o agrupamento de características sociodemográficas e de perfil nas quais foram encontradas correlações estatisticamente significativas. Ainda que cada estudo tenha trabalhado com uma amostra específica, o que dificulta comparações, os resultados obtidos indicam que são mais vulneráveis ao adoecimento devido a agravos à saúde mental, em nível nacional e internacional: mulheres sem companheiros (solteiras, divorciadas ou viúvas), com altos níveis de escolaridade e com histórico familiar de Transtornos Mentais.

A análise dos artigos encontrados por meio de busca sistemática possibilitou refletir sobre o perfil epidemiológico de agravos à saúde mental em professores, uma vez que forneceu um panorama mundial das pesquisas epidemiológicas de agravos à saúde mental dos educadores. Os resultados apontam para os docentes como uma população vulnerável ao adoecimento, sendo que os principais fatores de risco psicossociais e ocupacionais identificados, foram: ambiguidade do papel, insatisfação no trabalho, baixos níveis de apoio social, autonomia e autoeficácia percebida, exposição à violência, problemas com alunos, cultura escolar deficiente, más condições de trabalho, número sobressalente de alunos em sala de aula e sobrecarga de trabalho.

A sobrecarga de trabalho no ensino foi citada por todas as pesquisas revisadas, sinalizando que as exigências e demandas têm relação com os agravos à saúde mental. Dessa forma, é possível concluir que o adoecimento mental da categoria docente revela um perfil de risco formado por variáveis psicossociais decorrentes das condições em que o trabalho tem sido realizado.

Além disso, os dados epidemiológicos encontrados nesta revisão, indicam que os transtornos mentais se relacionam positivamente com casos de aposentadoria precoce, absenteísmo por doença e dificuldades no retorno ao trabalho. Altos índices de aposentadoria prematura justificam a necessidade de novas estratégias de investigação em saúde mental de professores, que identifiquem os fatores de risco envolvidos no processo saúde-doença desta população, e permitam mensurar agravos à saúde mental, possibilitando obter dados precisos para a elaboração de intervenções.

A divulgação desta pesquisa serve para fornecer informações que subsidiem ações de mudança da realidade instaurada, e não para a cristalização e aceitação do problema, como se fosse natural desta etapa. Ou seja, é a partir do conhecimento dos possíveis fatores de risco à saúde e dos aspectos associados ao adoecimento que se torna possível intervir de maneira mais eficaz sobre o fenômeno. Os achados desta pesquisa podem servir como uma referência útil para o governo e as organizações envolvidas com processos educacionais, no intuito de que apresentem políticas e estratégias para ajudar os professores a lidar com seus problemas de saúde.

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Autor notes

* Dirigir correspondência à Karen Rayany Ródio Trevisan. Endereço: Estrada Anarolina Silveira Santos, 201, Vargem do Bom Jesus – Florianópolis, sc, cep 88056-590, Brasil. Correio eletrônico: karenrtpsico@gmail.com