Avances en Psicología Latinoamericana
ISSN:1794-4724 | eISSN:2145-4515

A tríade sombria da personalidade: afetos e lócus de controle

La triada sombría de la personalidad: afectos y locus de control

The Dark Triad of Personality: Affects and Locus of Control

Bruno Bonfá-Araujo, Ariela Raissa Lima-Costa, Gabriela da Silva Cremasco, Catarina Possenti Sette, Ana Deyvis Araújo Jesuíno

A tríade sombria da personalidade: afetos e lócus de controle

Avances en Psicología Latinoamericana, vol. 38, núm. 3, 2020

Universidad del Rosario

Bruno Bonfá-Araujo *

Universidade São Francisco, Brasil


Ariela Raissa Lima-Costa

Universidade São Francisco, Brasil


Gabriela da Silva Cremasco

Universidade São Francisco, Brasil


Catarina Possenti Sette

Universidade São Francisco, Brasil


Ana Deyvis Araújo Jesuíno

Universidade São Francisco, Brasil


Recepção: Abril 28, 2020

Aprovação: Agosto 20, 2020

Informação adicional

Para citar este artigo: Bonfá-Araujo, B., Lima-Costa, A. R. L., Cremasco, G. S., Sette, C. P., & Jesuíno, A. D. A. (2020). A tríade sombria da personalidade: afetos e lócus de controle. Avances en Psicología Latinoamericana, 38(3), 1-14. https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.8652

Resumo: A tríade sombria da personalidade – narcisismo, maquiavelismo e psicopatia – retrata características antagonistas, insensíveis e socialmente aversivas. É sabido que a personalidade, tanto saudável quanto patológica, afeta diversos fatores na vida dos indivíduos. Este estudo buscou compreender a capacidade explicativa da tríade sombria nos afetos positivos e negativos e no lócus de controle. Para tanto foram realizados dois estudos. Compuseram o primeiro deles 154 participantes, com média de idade de 27.14 anos (DP = 9.28) que responderam ao Dirty Dozen e a Escala de Afetos Positivos e Negativos. O segundo estudo foi composto por 660 participantes, com média de idade de 22.83 anos (DP = 7.21) que foram avaliados pelo Short Dark Triad e a Escala Multidimensional de Lócus de Controle. Os resultados indicaram que a tríade sombria explica positivamente os afetos negativos, enquanto maquiavelismo explica negativamente lócus de controle externo, e, narcisismo e psicopatia explicam o lócus de controle interno —de maneira negativa e positiva, respectivamente—. Tais achados são possíveis explicações para os desfechos aversivos em indivíduos com altos escores na tríade sombria, de modo que estes vivenciam mais desprazer e raiva, como também se eximem de suas responsabilidades emocionais e se satisfazem ao notarem que causam danos em terceiros.

Palavras-chave: lócus de controle interno-externo, maquiavelismo, narcisismo, psicopatia, traços de personalidade.

Resumen: La triada sombría de la personalidad —narcisismo, maquiavelismo y psicopatía— retrata características antagonistas, insensibles y socialmente aversivas. Es sabido que la personalidad, tanto saludable como patológica, afecta diversos factores en la vida de los individuos. Este estudio buscó comprender la capacidad explicativa de la triada sombría en los afectos positivos y negativos y en el locus de control. Por esto fueron realizados dos estudios. Conformaron el primero de ellos 154 participantes, con promedio de edad de 27.14 años (DP = 9.28) que respondieron al Dirty Dozen y la Escala de Afectos Positivos y Negativos. El segundo estudio estuvo compuesto por 660 participantes, con edad promedio de 22.83 años (DP = 7.21) que fueron evaluados por el short Dark Triad y la Escala Multidimensional de Locus de Control. Los resultados indicaron que la triada sombría explica positivamente los afectos negativos, mientras que el maquiavelismo explica negativamente el locus de control externo, y el narcisismo y la psicopatía explican el locus de control interno —de manera negativa y positiva, respectivamente—. Tales resultados son posibles explicaciones para los desenlaces aversivos en individuos con altos puntajes en la triada sombría, de modo que estos viven más disgusto y rabia, como también se eximen de sus responsabilidades emocionales y se satisfacen al notar que causan daños a terceros.

Palabras clave: locus de control interno-externo, Maquiavelismo, Narcisismo, Psicopatía, Rasgos de personalidad.

Abstract: The Dark Triad of personality —narcissism, Machiavellianism, and psychopathy— portrays antagonistic, insensitive, and socially aversive characteristics. It is known that personality, both healthy and pathological, affects several factors in the lives of individuals. This study aimed to understand the explanatory capacity of the Dark Triad in positive and negative affects and in the locus of control. For this purpose, two studies were carried out. The first of them comprised 154 participants, with an average age of 27.14 years (SD = 9.28) who answered the Dirty Dozen and the Positive and Negative Affections Scale. The second study consisted of 660 participants, with a mean age of 22.83 years (SD = 7.21) who were evaluated by the Short Dark Triad and the Multidimensional Scale of Locus of Control. The results indicated that the Dark Triad positively explains negative affects, while Machiavellianism negatively explains locus of external control. Narcissism and psychopathy clarify the locus of internal control —negatively and positively, respectively. Such findings are possible explanations for the aversive outcomes in individuals with high scores in the Dark Triad, so that they experience more displeasure and anger, as well as exempt themselves from their emotional responsibilities and are satisfied when they notice that they cause harm to others.

Keywords: Internal external locus of control, machiavellianism, narcissism, psychopathy, personality traits.

A tríade sombria (Dark Triad) é composta por traços de personalidade antagônicos e socialmente aversivos (Paulhus & Williams, 2002). Durante seu desenvolvimento, ao revisarem a literatura, os autores indicaram três dimensões da personalida- de que se sobrepõem, e que também apresentam contribuição única para a compreensão da “personalidade sombria”. Estes traços subclínicos (i.e., encontrados em diversos níveis e amostras) são conhecidos como narcisismo, maquiavelismo e psicopatia (Furnham et al., 2013).

No que tange às especificidades de cada traço, narcisismo é caracterizado pelo senso de grandiosidade, superioridade e necessidade de admiração (Raskin & Hall, 1979). Outras características secundárias são arrogância e relações interpessoais antagônicas (Miller et al., 2015). Maquiavelismo engloba comportamentos manipulativos e exploratórios frente à terceiros, autointeresse e falta de moralidade (Christie & Geis, 1970). Também apresentam uma visão generalizada e cínica do mundo e das pessoas (Czibor et al., 2017). Por sua vez, a psicopatia é definida como um padrão de impulsividade, comportamentos antissociais, frieza emocional e falta de remorso (Burns et al., 2015; Hare, 1983).

Juntos estes traços formam uma tríade e partilham um núcleo em comum de insensibilidade, manipulação interpessoal e falta de empatia (Paulhus & Jones, 2015). Em sua taxonomia são definidos como socialmente aversivos, visto que tendem a estar associados a desfechos mais negativos na vida dos indivíduos como comportamentos contraprodutivos em ambientes profissionais, comportamentos manipuladores e egoístas em relacionamentos amorosos e comportamentos dominantes e intimidadores em relacionamentos interpessoais (Furnham et al., 2013). Ademais outra característica essencial quando considerada a tríade sombria diz respeito a diferença entre os sexos, dado que homens tendem a apresentar maiores escores para todas as dimensões (Jonason & Davis, 2018). Esta desigualdade para os traços está associada a aspectos de agressividade, impulsividade e busca por dominância, comportamentos usualmente descritos como masculinos na sociedade.

Em um contexto latino-americano, mais especificamente brasileiro, os estudos sobre a tríade sombria estão em ascensão. Nessa conformidade, já existem pesquisas que adaptaram e buscaram acumular evidências de validade para os principais instrumentos curtos da tríade sombria, como o Dirty Dozen (Gouveia et al., 2016; Medeiros et al., 2017). Assim como em contextos e amostras específicas, por exemplo, no campo da contabilidade (D’Souza & Lima, 2018; D’Souza & Lima, 2019; D’Souza et al., 2019) e relacionado a variáveis positivas como as forças de caráter (Bonfá-Araujo et al., no prelo). Sendo, portanto, necessária a contribuição de novos materiais sobre a temática e suas relações com outras variáveis.

Indivíduos com altos escores em traços sombrios demonstram dificuldade em distinguir e regular as suas emoções (Jonason et al., 2013). Os estados emocionais variam quanto à intensidade e frequência, dependendo das circunstâncias da vida e do momento, podendo ser nomeados como afetos, sendo os afetos positivos ou negativos (Howell et al., 2017). Pessoas com altos níveis em afetos positivos percebem os eventos de forma mais satisfatória e prazerosa, e apresentam uma tendência de serem mais benevolentes. Diferentemente, indivíduos com altos níveis de afetos negativos experienciam, repetidas vezes, episódios de desprazer, tendem a sentir mais tristeza, raiva e preocupação (Rapp-Ricciardi et al., 2014). Estudos demonstraram que os traços da tríade estão correlacionados com experiências emocionais negativas (Ali et al., 2009; Amiril & Behnezhad, 2017), isto é, pessoas com elevados níveis na tríade tendem a vivenciar mais afetos negativos, demonstrando uma tendência ao tédio e agressividade. Por exemplo, no caso da psicopatia, altas pontuações estão associadas a afetos negativos, porém tais pessoas têm dificuldade em perceber em si mesmo tais sentimentos negativos (e.g., ansiedade, tristeza), ainda que sejam capazes de perceber nos outros (Sabouri et al., 2016; Wai & Tiliopoulos, 2012). Isso ocorre, em grande parte, devido ao discernimento empobrecido de suas atitudes e as respectivas consequências.

Dado que tais afetos são reações a percepção dos indivíduos frente à experiências cotidianas, outra variável que pode influenciar esta assimila- ção é o lócus de controle. Esse está associado ao quanto uma pessoa acredita poder controlar ou não as situações que ocorrem na sua vida (Dela Coleta, 1987; Saboe & Spector, 2015). Pessoas que apresentam maior lócus de controle interno têm a crença de que os acontecimentos (positivos ou negativos) ocorrem como uma consequência das suas próprias ações. Já em pessoas com predomínio do lócus de controle externo, existe à crença de que os eventos não têm relação direta com o seu comportamento, mas com situações que fogem do seu controle, tais como o acaso, o divino, a sorte ou outras pessoas (Rotter, 1966).

Dentre os principais instrumentos utilizados para a mensuração do lócus de controle, a escala de Levenson, já adaptada ao português-brasileiro, está dentre aquelas mais utilizadas (Dela Coleta, 1987).

A partir da teoria do lócus de controle, o instrumento foi desenvolvido para mensurá-lo considerando três fatores, a saber, internalidade, externalidade outros-poderosos e externalidade acaso. O primeiro fator mensura a crença no controle de sua própria vida, o segundo avalia a crença de que as demandas das situações estariam sob controle de indivíduos poderosos; finalmente o último fator caracteriza a crença de que os acontecimentos ocorrem ao aca- so, a sorte ou devido ao destino (Levenson, 1973).

No caso de pessoas que pontuam alto na tríade, a percepção de responsabilidade sobre os próprios atos tende a ser mais dispersa, há uma dificuldade em perceber ou até mesmo aceitar a responsabilidade sobre os próprios atos (Hart et al., 2017; Rapp-Ricciardi et al., 2018). Especificamente, pessoas com altos escores em narcisismo tendem a ser vaidosas, possuírem senso de superioridade e atribuírem consequências negativas a outros, características do lócus de controle externo (Crowe et al., 2019; Foster et al., 2015). A psicopatia, por sua vez, estaria mais associada ao lócus de controle interno, uma vez que pessoas com altos escores neste traço são propensos a acreditarem que controlam suas próprias vidas (Valentine et al., 2018).

Posto que pesquisas indicam para uma relação entre a “personalidade sombria”, os afetos e o lócus de controle, abre-se uma lacuna referente a capacidade explicativa da tríade sombria para ambos os construtos. Uma vez que a existência de traços sombrios é associada a desfechos mal adaptativos, faz-se necessário investigar se a presença da “personalidade sombria” seria capaz de explicar o modo como indivíduos vivenciam —referente aos afetos— e creem que podem controlar as situações/eventos —referente ao lócus de controle—.

Todavia, a partir das informações acima expostas, pouco se investigou no tocante a relação destes construtos no que concerne a tríade sombria da personalidade, em especial no que tange à cultura latinoamericana. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar a relação entre tríade sombria com afetos positivos e negativos, e lócus de controle. Para tanto foram realizados dois estudos. No primeiro, foi explorada a relação entre a tríade sombria e os afetos positivos e negativos. Teve-se como hipóteses que (H1) narcisismo apresentaria uma relação positiva com afetos negativos; (H2) psicopatia apresentaria uma relação positiva com afetos negativos; e por fim (H3) maquiavelismo apresentaria uma relação positiva com afetos negativos, de modo que altos níveis no traço insensibilidade da tríade sombria, apresentariam com maior frequência momentos de desprazer derivados dos afetos negativos. Por sua vez, o segundo estudo teve como foco a relação entre tríade sombria e lócus de controle. Como hipótese esperava-se que (H4) narcisismo apresentaria relações positivas com lócus de controle externo; (H5) psicopatia apresentaria relações positivas com lócus de con- trole interno e (H6) maquiavelismo apresentaria relações positivas com lócus de controle externo, dado que altos escores nas características antagônicas da personalidade sombria tendem a crer que controlam o ambiente e indivíduos ao seu redor.

Estudo 1 – Tríade Sombria da Personalidade e Afetos Positivos e Negativos

Método

Participantes

Fizeram parte deste estudo 154 sujeitos, com idades entre 18 a 63 anos (M = 27.14; dP = 9.28), destes 72.7% se declararam do sexo feminino. Em sua maioria residentes do Sudeste brasileiro (78.6%), solteiros (77.9%) e com nível de escolaridade de ensino superior incompleto (48.7%).

Instrumentos

Dirty Dozen (Jonason & Webster, 2010). Instrumento de autorrelato que visa mensurar a tríade sombria (psicopatia, maquiavelismo, narcisismo, além de poder ser computado um fator geral de tríade sombria), adaptado ao português brasileiro por Gouveia et al. (2016). Composto por 12 itens, divididos igualmente entre os três traços, em escala Likert (1= Discordo totalmente até .= Concordo totalmente). A consistência interna medida pelo coeficiente alfa foi de 0.81 para o instrumento total e de 0.76 para maquiavelismo, 0.59 para psicopatia e 0.82 para narcisismo, neste estudo. Alguns exemplos de itens são “1 – Costumo manipular os outros para conseguir o que quero”; “5 – Eu tendo a ter falta de remorso” e “12 – Costumo esperar favores especiais dos outros”.

Escala de Afetos Positivos e Afetos Negativos (Zanon et al., 2013). Instrumento de autorrelato que visa mensurar os afetos positivos e negativos. Composto por 20 itens, divididos entre 10 itens para cada tipo de afeto, em escala Likert (1= Discordo totalmente até .= Concordo totalmente). A consistência interna obtida neste estudo foi de 0,88 e 0,85 para afetos positivos e negativos, respectivamente. Alguns exemplos de itens são “1 – Muitas vezes, eu fico nervoso”; “10 – Fico zangado quando sou contrariado” e “20 – Tenho me sentido triste ultimamente”.

Procedimento

Esta pesquisa teve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 97363518.7.0000.5514). Em seguida, os instrumentos foram digitalizados na plataforma online Google Forms, sendo o link divulgado na rede social Facebook,pelo método snowball. Para participarem os sujeitos necessitavam possuir mais de 18 anos e concordar com as infor mações contidas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a vista que foram excluídos indivíduos com Ensino Fundamental II ou inferior, dado que os instrumentos não possuem evidências para este grupo. No link divulgado, foram respondidas questões sobre dados demográficos, o Dirty Dozen e a Escala de Afetos Positivos e Negativos, nesta respectiva ordem, de modo que as coletas de dados ocorreram no segundo semestre do ano de 2019.

Análise de dados

Os dados foram compilados em uma base única e analisados no software MPlus 7 (Muthén & Muthén, 2011). Inicialmente foram testadas as correlações entre os construtos, em seguida, foram testados dois modelos de equações estruturais. O primeiro deles teve como objetivo compreender em que proporção os afetos positivos e negativos são explicados pelas dimensões da tríade sombria. O segundo modelo controlou a influência do sexo na relação entre afetos e tríade sombria. Para os modelos foram considerados os índices de ajuste Comparative Fit Index (CfI > 0.90), Tucker-Lewis Index (TLI > 0.90) e Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA < 0.08) como indicado por Hu e Bentler (1999).

Resultados

A primeira análise realizada foi uma correlação entre os afetos positivos e negativos e a tríade sombria. A tríade sombria foi considerada de duas maneiras, primeiro cada construto foi analisado unicamente e em seguida como uma dimensão geral baseado na proposta de Jonason e Webster (2010). A tabela 1 apresenta os resultados encontrados.

Tabela 1.
Correlação entre a tríade sombria e os afetos.
Correlação entre a tríade sombria e os afetos.

Notas: *p<0.05.


Apenas os afetos negativos se correlacionaram significativamente e positivamente, em magnitudes pequenas, com maquiavelismo e a tríade sombria como dimensão geral. Posteriormente, foram testados dois modelos de equações estruturais, estes visavam compreender a capacidade explicativa da tríade sombria sobre os afetos e estão apresentados nas Figuras 1a e 1b. No primeiro modelo, a tríade sombria não explicou de forma significati va os tipos de afetos, os índices de ajustes foram x2 (483) = 762.182, CfI = 0.92, TLI = 0.91 e RMSEA= 0.06 [90% IC 0.05–0.07]. No segundo modelo foi verificada a relação entre tríade e afetos controlando o efeito da variável sexo, os índices de ajuste foram x2 (484) = 1061.611, CfI = 0.83, TLI= 0.82 e RMSEA = 0.08 [90% IC 0.08–0.09]. De acordo com a Figura 1b pode-se perceber que os traços da tríade explicaram, ainda que em pequena magnitude, afetos negativos e que, para a amostra considerada, foram verificadas diferenças entre homens e mulheres nos traços de psicopatia e afetos negativos.

Modelo de equações estruturais entre os afetos e a tríade sombria sem (a) e com controle da variável sexo (b). Os indicadores de cada fator foram omitidos para melhorar a visualização do modelo. As linhas pontilhadas representam relações não significativas. AP= afetos positivos; NA= afetos negativos; MAQ= maquiavelismo; PSI= psicopatia; NAR= narcisismo.
Figura 1.
Modelo de equações estruturais entre os afetos e a tríade sombria sem (a) e com controle da variável sexo (b). Os indicadores de cada fator foram omitidos para melhorar a visualização do modelo. As linhas pontilhadas representam relações não significativas. AP= afetos positivos; NA= afetos negativos; MAQ= maquiavelismo; PSI= psicopatia; NAR= narcisismo.


Discussão

O objetivo deste estudo foi compreender a relação entre a tríade sombria e afetos positivos e negativos. Os resultados sustentaram parcialmente as hipóteses criadas (H1, H2 e H3), de modo que as correlações bivariadas foram apenas significativas para maquiavelismo, contudo todas as relações do modelo de equações estruturais foram significativas e positivas. Ambos os modelos testaram a relação entre a tríade sombria e afetos, com a diferença de que no segundo foi controlado o efeito da variável sexo. No primeiro modelo, a tríade sombria não explicou de forma significativa os afetos positivos e negativos, apesar de ter apresentado um índice de ajuste satisfatório. Por ser conhecido na literatura que a homens tendem a apresentar maiores médias em medidas que avaliam a tríade sombria (Jonason & Davis, 2018; Jonason et al., 2009), testou-se um segundo modelo em que foi controlado o efeito da variável sexo. Na segunda análise, os traços da tríade passaram a explicar positiva e significativamente afetos negativos. Todas essas características predispõem tais pessoas a vivenciarem mais afetos negativos do que positivos, pois filtram as informações do contexto a partir de um viés social e emocional negativo (Vize et al., 2018).

As mulheres investigadas apresentaram maior média em afetos negativos e menor em traços de psicopatia. Contudo, não se pode afirmar que mulheres sejam mais propensas a afetos negativos, e sim, que vivenciavam mais afetos negativos que os homens no momento de aplicação da pesquisa. Em relação aos traços de psicopatia, o resultado é coerente com investigações prévias que mostraram consistentemente que mulheres tendem a apresentar menos traços de psicopatia do que homens (Furnham et al., 2013). De modo que como reafirmado pela literatura, homens podem fazer uso de agressividade e comportamentos prototípicos da psicopatia para se beneficiarem e propagarem seus genes (Jonason & Davis, 2018).

Estudo 2 – Tríade Sombria da Personalidade e Lócus de Controle

Método

Participantes

Fizeram parte deste estudo 660 sujeitos, com idades entre 18 a 71 anos (M = 22.83; dP = 7.21), destes 68.9% se declararam do sexo masculino. Em sua maioria solteiros (92.1%), com ensino superior incompleto ou em processo (58.3%) e com renda de um a três salários mínimos mensais (77.9%).

Instrumentos

Short Dark Triad (Jones & Paulhus, 2014). Instrumento de autorrelato que tem como enfoque mensurar os três fatores da tríade sombria (maquiavelismo, narcisismo e psicopatia), adaptado ao português brasileiro por Simões e Hauck Filho (2018). Composto por 27 itens em escala Likert (1= Discordo totalmente até 5= Concordo totalmente). A consistência interna medida pelo coeficiente alfa foi de 0.70 para maquiavelismo, 0.63 para narcisismo e 0.69 para psicopatia, neste estudo. Alguns exemplos de itens são “1 – Não é esperto contar os seus segredos”; “10 - As pessoas me veem como um verdadeiro líder” e “27 - Eu diria o que fosse preciso para ter o que eu quero”.

Escala Multidimensional de Lócus de Controle (Dela Coleta, 1987). Instrumento de autorrelato que tem como enfoque mensurar o lócus de controle a partir de três fatores, sendo, internalidade, externalidade acaso e externalidade outros-poderosos. Composta por 24 itens em escala Likert (1= Concordo totalmente até 5= Discordo totalmente). A consistência interna medida pelo coeficiente alfa foi de 0.74 para externalidade acaso, 0.81 para externalidade outros-poderosos e 0.70 para internalidade, neste estudo. Alguns exemplos de itens são “1 – Se eu vou ou não tornar-me um líder depende principalmente da minha capacidade”; “10 – Verifico, frequentemente, que o que está para acontecer fatalmente acontecerá” e “24 – O fato de eu ter poucos ou muitos amigos deve-se, principalmente, à influência do destino”.

Procedimento

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 97363518.7.0000.5514). Em seguida, os instrumentos foram inseridos na plataforma Google Forms, sendo divulgado um link na rede social Facebook, pelo método snow-ball. Para serem sujeitos de pesquisa, os participantes necessitavam possuir mais de 18 anos e concordar com as informações contidas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foi aplicado apenas um critério de exclusão, a saber, a exclusão de participantes com Ensino Fundamental II ou inferior, visto que os instrumentos utilizados ainda não possuem evidências para este grupo específico. No link divulgado, foram respondidas questões demográficas, o Short Dark Triad e a Escala Multidimensional de Lócus de Controle, nesta respectiva ordem, sendo que as coletas aconteceram no segundo semestre do ano de 2019.

Análise de dados

Os dados foram organizados em base de dados específica e analisados no software MPlus 7 (Muthén & Muthén, 2011). Em primeiro lugar foram testadas as correlações entre os construtos. Posteriormente foi testado um modelo de equações estruturais no qual visou-se compreender em que proporção a tríade sombria explica o lócus de controle. Assim como no estudo anterior os índices de ajuste considerados foram o Comparative Fit Index (CfI > 0.90), Tucker-Lewis Index (TLI > 0.90) e Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA < 0.08) como proposto por Hu e Bentler (1999).

Resultados

Inicialmente, buscou-se compreender em que magnitude as variáveis se relacionam. A Tabela 2 apresenta estes resultados. As correlações variaram entre 0.12 até -0.26, de modo que maquiavelismo se correlacionou apenas com externalidade-outros poderosos, narcisismo com internalidade e externalidade-outros poderosos e psicopatia apresentou correlações com todos os construtos.

Posteriormente, foi investigada por meio de uma modelagem de equações estruturais, a proporção na qual as dimensões da tríade sombria são capazes de explicar os fatores do lócus de controle.

O modelo obtido apresentou índices de ajuste aceitáveis, x2 (1209) = 2765.570, CfI = 0.90, TLI = 0.89 e RMSEA = 0.04 [90% IC 0.04–0.05]. Sendo que maquiavelismo explicou externalidade-outros poderosos e tanto narcisismo, quanto psicopatia explicaram a dimensão internalidade.

Discussão

O objetivo deste segundo estudo foi compreender a relação entre tríade sombria e lócus de contro- le. Para tanto, foi realizado um modelo de equações estruturais que buscou identificar em que proporção as dimensões sombrias são capazes de explicar a percepção de sujeitos e suas fontes de controle, mensuradas aqui pelo instrumento de lócus de controle. As hipóteses previamente estabelecidas (H4, H5 e H6) foram parcialmente confirmadas, de modo que nas correlações bivariadas psicopatia e narcisismo apresentaram o resultado esperado. No que tange ao modelo estrutural, psicopatia e maquiavelismo seguiram as hipóteses previamente estabelecidas.

A dimensão maquiavelismo explicou negativamente o fator externalidade-outros poderosos. Tal relação está em consonância com a literatura (Mudrack, 1990; Rapp-Ricciardi et al., 2018) de modo que maquiavélicos tendem a utilizar de estratégias de manipulação visando a influenciarem indivíduos com maior poder, consequentemente obtendo vantagens sobre outros. Uma vez que estes sujeitos podem aproveitar-se de seus colegas e subjugarem seus superiores priorizando suas necessidades (Dhormare, 2016).

Tabela 2.
Correlação entre tríade sombria e lócus de controle.

Correlação entre tríade sombria e lócus de controle.

Notas: * p < 0.05; ** p < 0-01.


Modelo de equações estruturais entre os lócus de controle e a tríade sombria. Os indicadores de cada fator foram omitidos para melhorar a visualização do modelo. As linhas pontilhadas representam relações não significativas. C= externalidade-acaso; I= internalidade; P= externalidade-outros poderosos; MAQ= maquiavelismo; PSI= psicopatia; NAR= narcisismo.
Figura 2.
Modelo de equações estruturais entre os lócus de controle e a tríade sombria. Os indicadores de cada fator foram omitidos para melhorar a visualização do modelo. As linhas pontilhadas representam relações não significativas. C= externalidade-acaso; I= internalidade; P= externalidade-outros poderosos; MAQ= maquiavelismo; PSI= psicopatia; NAR= narcisismo.


Narcisismo e psicopatia explicaram significativamente apenas a dimensão internalidade, porém para narcisismo esta relação foi negativa e para psicopatia positiva. Por um lado, a relação entre narcisismo e internalidade indica que, esses tendem a não atribuir a si a responsabilidade dos acontecimentos, sendo esse resultado possivelmente explicado pelo aspecto grandioso do narcisismo, dado que narcisistas raramente conferem culpa a si próprios frente a eventos negativos (Hart et al., 2017). Por outro lado, psicopatia explicou positivamente internalidade, indicando que tais indivíduos tendem a responsabilizar a si mesmos. Ao serem considerados os comportamentos de agressividade, psicopatas sentem-se satisfeitos em se perceberem como responsáveis ao dano causado no outro, obtendo assim vantagens e criando maneiras para controlar terceiros (Jones & Neria, 2015).

Discussão geral

Esta pesquisa teve como objetivo compreender a relação e capacidade explicativa entre as dimensões da tríade sombria da personalidade no que diz respeito aos afetos positivos e negativos e ao lócus de controle. Para tanto, realizou-se dois estudos com enfoques específicos das dimensões acima mencionadas. Ressalta-se que para uma maior amplitude e compreensão das especifici- dades dos traços sombrios, foram utilizados dois instrumentos distintos, o Dirty Dozen e o Short Dark Triad (Jonason & Webster, 2010; Jones & Paulhus, 2014). Tinham-se como hipóteses de que as três dimensões sombrias apresentariam uma maior correlação com os afetos negativos (H1, H2 e H3), assim como um maior lócus de controle externo para narcisismo e maquiavelismo (H4 e H6) e interno para psicopatia (H5).

Para a tríade sombria, pôde ser compreendido que seus três fatores apresentam uma maior relação com os afetos negativos, bem como para o lócus de controle interno – aqui especificamente narcisismo e psicopatia – e lócus de controle externo para maquiavelismo. Estes achados estão em consonância com o estudo de Rapp-Ricciardi et al. (2018), indicando que tais indivíduos possuem a tendência a vivenciarem eventos de maneira negativa, bem como compreenderem que o controle de suas atitudes influencia o resultado de eventos. Tais características estão em consenso com comportamentos propriamente ditos sombrios (Miller et al., 2019).

No que diz respeito ao primeiro estudo, pode-se concluir que, para a amostra investigada, pessoas com níveis mais altos dos traços da tríade sombria tendem a sentir mais afetos negativos. Ainda que este estudo seja importante para ajudar na investigação desses traços, algumas limitações devem ser destacadas. Por exemplo, a primeira está relacionada ao instrumento utilizado para avaliar a tríade, dado que este avalia mais aspectos da psicopatia primária (i.e., insensibilidade) do que da psicopatia secundária (i.e., relações interpessoais), o que limita a investigação do quanto de fato traços de psicopatia explicam afetos. Bem como, por se tratar de um instrumento curto, este possui interpretabilidade limitada, além de um alto conteúdo valorativo (Jones & Paulhus, 2014). Entretanto, os resultados encontrados não podem ser desconsiderados, na medida em que evidenciam como as diferenças entre homens e mulheres nas características da tríade influenciam a relação com outras variáveis como já indicado por estudos anteriores (Furnham et al., 2013; Jonason & Davis, 2018; Miller et al., 2019).

Para o segundo estudo, conclui-se que narcisistas e psicopatas tendem a fazer um maior uso da estratégia de lócus de controle interno, porém lócus de controle externo para maquiavelismo, ainda assim algumas limitações também devem ser consideradas. Como apontado por Collison et al. (2018), o Short Dark Triad não é capaz de mensurar a multidimensionalidade dos construtos, bem como a dimensão maquiavelismo não avalia comportamentos propriamente maquiavélicos. Todavia, deve-se compreender que tanto no contexto internacional, como nacional, ambos instrumentos são, até o momento, os únicos existentes para mensuração da tríade sombria da personalidade (Gouveia et al., 2016; Simões & Hauck Filho, 2018). Uma limitação que pode ter influenciado os achados de ambos os estudos, é a utilização de instrumentos diferentes para a mensuração da tríade sombria no estudo 1 e no estudo 2. Consequentemente, pesquisas futuras devem visar a reproduzir o estudo aqui realizado fazendo uso de um único instrumento com qualidades psicométricas superiores.

Considerando-se os dois estudos, percebe-se traços antagônicos e socialmente aversivos, como são caracterizados os traços da tríade, explicaram melhor aspectos negativos e em maior parte mal adaptativos (Paulhus & Jones, 2015). Ou seja, este estudo explorou a lacuna de como a “personalidade sombria” vivência sentimentos e como são suas crenças de controle de eventos. Desta forma, os desfechos mencionados por Furnham et al. (2013) ocorrem em parte pela maneira como tais indivíduos vivenciam mais episódios de desprazer sentindo mais raiva e crendo que controlam ou obtém vantagens de outros —para maquiavelismo e lócus de controle externo—, bem como se isentam de suas responsabilidades emocionais e se sentem bem ao se perceberem como encarregados de ocasionar dano nos outros —para narcisismo e psicopatia e lócus de controle interno—.

Nessa conformidade, este estudo é um importante avanço na compreensão dos traços sombrios em amostras latino-americanas. Os achados aqui explorados podem servir como base para a elaboração de intervenções em indivíduos com altos escores na tríade sombria, visando a melhor maneira de inseri-los na sociedade. Por exemplo, no âmbito ocupacional, deve-se considerar as características apontadas por D’Souza et al. (2019), porém para além disso pode-se verificar características individuais como os afetos e o lócus de controle como possíveis variáveis que afetam as relações organizacionais.

Estudos futuros podem buscar sanar e explorar algumas lacunas aqui encontradas. A primeira delas diz respeito a construção de instrumentos capazes de mensurar os fatores da tríade sombria com melhor caracterização, tanto no que concerne a sua multidimensionalidade, como para suas especificidades. Assim como podem ser realizadas avaliações de julgamento situacional para ambos construtos (i.e., afetos e lócus de controle), uma vez que estes são comportamentos altamente afetados pelo momento atual do sujeito.

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Autor notes

* Dirigir correspondência à Bruno Bonfá-Araujo. Correio eletrônico: brunobonffa@outlook.com

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